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O SUBGÊNERO LITERÁRIO CHICK-LIT, por Ana Yassuda

  • Foto do escritor: alemackoficial
    alemackoficial
  • 12 de dez. de 2020
  • 4 min de leitura



O chamado “Chick-Lit” é um subgênero literário que muitos leitores consomem com frequência, apesar de não estarem habituados com a nomenclatura. Neste post, vou explicar melhor o que é este subgênero, como ele surgiu e suas características essenciais. Vamos lá?


O chick-lit caracteriza os romances contemporâneos escritos sobre mulheres, para mulheres e (de modo geral) por mulheres, o que faz com que ele seja conhecido pejorativamente como “literatura de mulherzinha”. O romance “O Diário de Bridget Jones”, escrito por Helen Fielding em 1995 é considerado o pioneiro do subgênero.


Os enredos dos chick-lits giram em torno do que é (ou era) considerada a figura feminina “típica” do mundo pós-moderno: uma mulher que desafia antigos padrões, considerada ousada e livre. E, nesse sentido, esta mulher contemporânea enfrenta diversos desafios da sociedade machista para se encaixar, para ser considerada capaz e para alcançar o sucesso. Por isso, uma característica marcante dessas narrativas é o tom de confidência, como se elas estivessem sendo contadas por uma melhor amiga. Essa característica é conjugada com um outro traço marcante do subgênero, o humor.


Um chick-lit típico estraçalha de forma irônica os problemas diários e as inseguranças mais íntimas da protagonista, fazendo com que sejam representadas suas dúvidas, inquietações, dilemas afetivos, profissionais e familiares. Além disso, muitos livros do subgênero abordam outras questões do universo pós-moderno como discriminações, distúrbios emocionais, dependências químicas, a dor da perda vivenciada no luto, entre outras temáticas.


Apesar de ser vista pela crítica com um certo viés preconceituoso, o qual entende que o chick-lit é focado “no mero divertimento”, este subgênero literário consegue debater e expor as questões sensíveis apresentadas acima ao mesmo tempo que desenvolve um enredo ágil, engraçado e cativante. O fato de ser uma literatura considerada “divertida” não implica que esteja desprovida do poder de contribuir com discussões mais aprofundadas sobre os problemas enfrentados pela mulher contemporânea no universo pós-moderno.


Por fim, de maneira a ilustrar como o chick-lit se apresenta na literatura de fato, listo abaixo algumas das suas vertentes (são mais de doze), acompanhadas de exemplos de obras que se encaixam em cada uma.


Teen Chick-Lit

Os temas centrais abordados no teen chick-lit giram em torno da vida adolescente e dos consequentes dramas do Ensino Médio, flertes, amizades, escolha de carreira e a passagem para a vida adulta. É a vertente mais difundida no Brasil, lançada principalmente pelas editoras Galera Record e Rocco. Há várias adaptações cinematográficas dos teen chick-lits.


Exemplos de obras: A garota americana (Meg Cabot), a série dos Diários da Princesa (Meg Cabot), A irmandade das Calças Viajantes (Ann Brashares), Anna e o Beijo Francês (Stephanie Perkins).


● Single City Girl Lit

Esta é a vertente das narrativas cujas protagonistas são garotas solteiras que vivem em uma cidade grande, como Nova York, Londres ou até mesmo São Paulo. Envolve encontros, amigos, trabalho, drinks e apartamentos apertados divididos com pessoas legais/estranhas/divertidas.


Exemplos de obras: O Segredo de Emma Corrigan (Sophie Kinsella), Minha Vida Não Tão Perfeita (Sophie Kinsella), A Pequena Livraria dos Corações Solitários (Jenny Colgan).


● Wedding Lit

Como já diz esta nomenclatura, esta é a vertente do chick-lit que aborda narrativas envolvendo casamentos, madrinhas e todos os preparativos e confusões para o grande dia.


Exemplos de obras: The Honeymooner (Melanie Summers), A Lua de Mel (Sophie Kinsella), 1 Milhão de Motivos Para Casar (Gemma Townley), Quase Casados (Jane Costello), Confissões de Uma Terapeuta (Renata Lustosa).


● Mom Lit

Este é uma vertente do chick-lit cujas histórias têm a temática voltada para a maternidade, gravidez ou sobre a criação das crianças.


Exemplos de obras: Asiáticos Podres de Ricos (Kevin Kwan), Cadê Você, Bernadette? (Maria Semple), Hoje Vai Ser Diferente (Maria Semple).


● Hen Lit

Se encaixam na vertente do hen lit os livros que retratam a vida de mulheres com idades um pouco superiores aos da maioria dos chick-lits (que giram em torno de 20-30 anos). Abordam temas familiares, guinadas no amor e na carreira, entre outras temáticas.


Exemplos de obras: Par Perfeito (Eleanor Prescott), Could It Be I'm Falling In Love? (Eleanor Prescott), If I Never Met You (Mhairi McFarlane).


● Ethnic Chick Lit

É a minha vertente do chick-lit preferida. Ela retrata histórias centradas em culturas das mais diversas etnias e religiões. Por isso, além de uma narrativa cativante, também mostram aos leitores costumes, culinária e estruturas familiares de culturas diferentes, o que é um bônus muito agradável e informativo. Apesar disso, não é muito difundida no Brasil.


Exemplos de obras: Asiáticos Podres de Ricos (Kevin Kwan), The Coincidence of Coconut Cake (Amy E. Reichert), Recipe For Persuasion (Sonali Dev), Pride, Prejudice and Other Flavours (Sonali Dev), You Had Me At Hola (Leigh Robshaw), The Bride Test (Helen Hoang), Os Números do Amor (Helen Hoang).


● Mystery Lit

Nesta vertente do chick-lit, o subgênero se encontra com a narrativa de suspense e mistério. São obras em que as protagonistas resolvem assassinatos, driblam o perigo e ainda assim se divertem durante esses acontecimentos.


Exemplos de obras: a série Tamanho 42 Não É Gorda (Meg Cabot), Spying in High Heels (Gemma Halliday).


● Fantasy Lit

Fantasy Lit é uma das vertentes mais recentes do chick-lit. Os enredos misturam os elementos clássicos do subgênero com fadas, viajantes no tempo, bruxas, paranormais, vampiros e outras construções narrativas fantásticas.


Exemplos de obras: A série A Mediadora (Meg Cabot), Insaciável (Meg Cabot), a série A Última Caça-Vampiros (Kiersten White).



 
 
 

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