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BLADE RUNNER: O FUTURO DISTÓPICO DE 2019

Por Mariana Pacheco

Distopia, Sci-Fi e Cyberpunk – gêneros constantemente atrelados


Esses gêneros literários estão constantemente sendo confundidos e também se prendendo um no outro. Mas, afinal, qual a diferença entre eles?


Sci-Fi (ficção científica) traz narrativas que se desenvolvem a partir de componentes e possibilidades que podem vir a se tornarem reais, com o desenvolvimento científico. Portanto, traz um futuro mais “provável” dentro da ficção. Podemos marcar dentro deste gênero a presença de personagens alienígenas, mutantes robóticos, universos paralelos, cenários espaciais e sistemas políticos como pós-apocalíptico, utopia e distopia.


Se a utopia se trata de uma visão de mundo completa, mas, ao mesmo tempo, impossível de existir dentro da nossa sociedade real, a distopia é sua antítese, ou seja, traz conexões com o nosso mundo real, mais agravadas em um futuro destruído por ações, ou a falta delas, da humanidade. Logo, a distopia traz dilemas morais, crítica social, poder e elitização, pessimismo, porém com uma ponta de esperança, violência banalizada e generalizada, dentro de um cenário futurista e obscuro.


Já o cyberpunk é um subgênero dentro da ficção científica, que ressalta a alta tecnologia desenvolvida em contraste com o baixo custo de vida da humanidade, em um futuro imaginado. O nome pensa na cibernética unida à visão punk de um mundo underground dentro de uma sociedade de contracultura. Nesses enredos, temos a tecnologia como um obstáculo, personagens falhos e rebelados que lidam como problemas sociais agravados e inibição de individualidades.


Estabelecidas essas diferenças, podemos tratar a respeito de uma obra que é marcante para os fãs do gênero distópico: “Blade Runner”, ou “Andróides sonham com Ovelhas Elétricas?”, de Philip K. Dick.


Philip K. Dick – um autor alucinado


Philip K. Dick (1928 – 1982) escreveu suas obras sob efeito alucinógeno e com diagnóstico de transtornos mentais, como paranoia. Ainda assim se dedicou a estudar universos paralelos, em Roma, e produziu obras que carregam previsões e possíveis versões de um futuro prejudicado pela humanidade. Com essa apresentação, pode-se imaginar ser difícil encontrar normalidades em suas histórias e como ele via o caminho que a humanidade tomaria.


Seu reconhecimento veio após sua morte (causada por um AVC) e sua escrita revolucionou o gênero de Sci-Fi, especialmente por questionar a ordem social e política estabelecida. Por sua formação em Filosofia, era de sua natureza indagar a percepção humana. Sua lista de obras é vasta, mas seu maior sucesso foi com o livro “Andróides sonham com Ovelhas Elétricas?”, publicado em 1968.


Andróides sonham com Ovelhas Elétricas?


O título pode parecer estranho, mas logo o leitor pode começar a refletir o motivo dele quando explora o futuro pensado para 2019 pelo autor: não há mais animais “originais”, ou seja, feitos de forma natural; apenas simbióticos. Da mesma forma, humanoides são criados para trabalhar e travar batalhas durante a colonização espacial, com uma sobrevida de 4 anos.


Então, o sonho de um ser humano, inserido em uma terra destruída por uma 3ª Guerra Mundial química, que tornou o meio ambiente morto e o ar pouco respirável, é ter um animal de estimação original, que é extremamente raro e caro. E quanto aos Andróides? Qual os sonhos destes seres criados para servir e morrer, sendo renegados por uma sociedade pelo fato de não serem legítimos?


Na tentativa de viver mais dignamente, alguns androides fogem de seu destino, e buscam retornar à Terra e questionar seu criador se há alguma forma de viverem mais, e não morrerem simplesmente. Essa revolta não é aceitável, e logo a polícia designa Deckard, o caçador de androides, para eliminar os rebeldes. Durante essa caçada, Dick questiona a humanidade como comportamento e o que nos torna mais dignos por tê-la, ou se somos indignos por perdê-la.


O sucesso da obra chega em 1982, com a adaptação cinematográfica com o título “Blade Runner”, trazendo Harrisson Ford no papel do caçador de androides. Inicialmente, o filme não faz uma grande bilheteria na época, porém se torna um marco da cultura Pop e no gênero de ficção científica pelas técnicas de filmagem e efeitos especiais empregados para representar a cidade de Los Angeles futurista. Se torna obrigatório de ser assistido por qualquer fã do gênero! Além disso, podemos dizer que a produção cinematográfica superou a obra de Dick, com direito à continuação em um futuro em 2049 (filme de 2017) e um anime intermediário entre os dois roteiros denominado “Blade Runner Black Out 2022” (2017).


Algumas tecnologias pensadas por Dick e também pelo diretor Ridley Scott (que dirigiu o filme de 1982) já existem em nosso presente, o futuro deles, como vídeo-chamadas, carro elétrico, TVs Led, hologramas, comando de voz, etc. Porém, pelo fato de nos aproximarmos desse futuro em nosso presente, será que não deveríamos nos preocupar?


Para pensar no que estamos fazendo...


O futuro de Deckard chegou, afinal 2019 já passou e temos algumas coisas que tanto o filme quanto o livro trazem. Infelizmente, os carros voadores ainda não existem e parece que passamos longe de um futuro distópico, mas por quanto tempo?


A tecnologia não para de avançar e as diferenças sociais são constantemente agravadas. Chegaremos ao ponto de questionar a nossa humanidade? Será que as alucinações de Philip K. Dick tinham um fundo de verdade, no final das contas?

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