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MANGÁS "SEINEN", por Vitor Hossu

  • Foto do escritor: alemackoficial
    alemackoficial
  • 26 de jul. de 2020
  • 3 min de leitura

Atualizado: 7 de set. de 2020

O que significa “seinen” quando estamos falando de mangás?

OK. Vou tentar ser o mais direto possível nesse texto, apesar de ser um assunto demasiadamente complexo.


Sendo assim, antes de tudo, é importante de se mencionar que “seinen” é uma espécie de mangá feito para jovens adultos. Creio que é pertinente de se mencionar isso logo no começo desse texto porque a maioria das pessoas se confunde e acaba por classificá-lo como um gênero literário.


Inicialmente, eles foram idealizados apenas para “jovens adultos homens”. No entanto, pelo menos de acordo com a visão de uma pessoa que consome esse tipo de conteúdo diariamente, os mangakás (responsáveis pela criação dessas obras), estão mudando sua mentalidade e fazendo com que esse mercado seja voltado para jovens adultos em geral.


Mas, afinal, por que esse tipo de mangá é voltado para uma audiência mais velha?


Essa é uma visão pessoal, mas também é compartilhada por muitos conhecidos que apreciam esse tipo de mangá. Tem muita gente por aí que considera o estilo seinen uma espécie de mangá para um grupo mais maduro unicamente por causa da imensa quantidade de violência e pornografia que alguns desses mangás pode conter.


Entretanto, eu considero essa visão superficial. Ao meu ver, o que faz um bom mangá seinen é a forma pela qual se constrói o enredo.


Muitos mangás desse gênero – vamos pegar os mais famosos aqui: Neon Genesis Evangelion, Berserk, Ghost in the Shell, Monster e Hellsing – podem até ser conhecidos pelos seus belíssimos traços ou a quantidade de violência e/ou pornografia, como mencionei acima. No entanto, o que traz força e qualidade à construção dessas histórias é a forma surpreendente com que a história vai se desenrolando e como a maioria desses personagens trazem à baila diversos questionamentos existenciais – fazendo uma “mera” fantasia se tornar em alguns pontos tão real quanto o mundo em que a gente vive.


Alguns desses questionamentos e temas são: (i) o propósito da existência humana, (ii) qual a lógica de se seguir tal convenção social, (iii) como a sociedade marginaliza tanto o que é diferente, (iv) etc.


Os consumidores de quadrinhos ocidentais devem estar agora coçando suas cabeças.

Sim, Hellblazer e Sandman te mandaram um alô. O gênero seinen lembra muito a série de quadrinhos Vertigo da DC – que, devido ao fato de possuir uma temática similar, também é restrita a um público mais velho.


Para aqueles que ainda possuem uma pulga atrás da orelha, segue a minha máxima então: os mangás seinen não perdem em nada para os autores clássicos que possuem uma pegada existencial. Sim, já li Machado de Assis, Dostoiévski (inclusive ocupo a cadeira dele na ALEMack), Tólstoi, Cervantes, Camus e todos esses outros escritores que as pessoas costumam ler às vezes unicamente por puro ego.


Inclusive, algumas dessas obras possuem adaptação em mangá e/ou envolvem em sua história algumas das temáticas presentes em alguns dos livros desses autores famosos.

Ah, e claro, se quiser já aproveitar um pouco sobre algumas dessas obras (já os mangás costumam ser bem caros), eu vou recomendar alguns filmes que são adaptações desses mangás (porque muitos deles demorariam dias só para serem lidos). São esses:

- Neon Genesis Evangelion/The End of Evangelion (ambos têm na Netflix. Não recomendo que assistam aos filmes novos porque eles são mais voltados para ação e não tem um aspecto reflexivo tão marcante);

- A adaptação de Devilman da Netflix (tem a mesma alma da obra original); e

- Akira (é um filme e tem na Netflix);

- Ghost in the Shell (é um filme e também na Netflix);

- Hellsing (existem 2 versões. A versão fiel ao mangá está disponível na Netflix... A outra por sinal é muito boa, mas não a encontrei em nenhum serviço de streaming); e

- Oldboy (tem um filme que acredito ainda estar no catálogo da Netflix. O enredo é um pouco diferente do mangá, mas o filme ainda é absurdamente bom);


E se estiverem a fim de gastar um pouco mais: a adaptação de Berserk de 1997 e a adaptação de Monster para anime.

Vitor Hossu Ferreira

Patrono: Fiódor Dostoiévski

Cadeira de nº 38


Imagem: blogspot.com

 
 
 

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