LITERATURA DE CORDEL, por Luíz Roberto Rodrigues Júnior
- alemackoficial
- 29 de mar. de 2021
- 2 min de leitura

Corda, cordão. Cultura. Gênero literário. Embolada. Cantadores. Lírica. Feira. Xilogravura. Berço do baião, coco. Patrimônio imaterial. Sim, é tudo isso, e mais um pouco.
Historicamente, o cordel tem sua origem remontando às feiras portuguesas, dos séculos XVI e XVII. Lá, além das barracas de frutas e frutos, trocas e comércio, artistas de canto popular se apresentavam: com versos livres, munidos de banjo, a entoar cantigas populares. Nota-se um caráter muito forte de tradição oral, tendo em vista que a maior parte da população à época era analfabeta.
A invenção da imprensa foi um fator muito determinante para esse “nascimento do cordel”. No Nordeste, a tradição das feiras chegara, e junto dela, artistas, agora brasileiros sertanejos, se apresentavam, falavam sobre a terra, a cultura matuta e os “causos” do sertão. Não tardou para que versos orais ganhassem força e fossem atrações nas feiras. O cantador “embolava” versos de improviso (o popular repente, os repentistas são assim chamados), ou então fazia uma peleja bem-humorada contra outro cantador.
E quando nasce de fato o “cordel”? Pois bem, esses versos orais passaram a ser transcritos. Em pequenos cadernos de papel. Estes cadernos por sua vez, ficavam (e ficam) pendurados por pregador em cordas/varal, justamente por um o cordel(!). O cordel é, objetivamente, o objeto que segura o caderno de estórias entre uma barraca à outra. E de tanto o público ir até os cordéis para ler as estórias, o gênero passou a ter este mesmo nome.
Patativa do Assaré é um dos grandes nomes do gênero. As histórias retratam um épico do sertão, falam sobre o menino, o padre, Lampião, Antonio Conselheiro, Gonzagão, Padre Cícero, a prostituta, o vaqueiro e tudo o que for possível na imaginação do artista.
O gênero foi fundamental para o enredo do baião, forró, para o desenvolvimento da xilogravura como arte própria e tem seus tentáculos expandidos até ao samba de partido alto, música caipira e rap.
O cordel é do Nordeste, o cordel é do Brasil. É patrimônio imaterial, gênero berçário da cultura brasileira!
Comments